Ir ou não para a cama com duas mulheres …
Eis a questão.
Não raras vezes este tema foi assunto de café entre os meus amigos. Sim, nós homens, falamos destas coisas. O povo feminino não se atreva a pensar que este assunto nos passa ao lado… não, não passa. E, é bem curioso analisar as opiniões de cada um. Há aqueles que dariam tudo o que têm para ver esse fetiche realizado. Bem, dariam tudo… ou quase tudo. Mas mesmo quase tudo. E há os outros – que nem sequer cogitam esse cenário.
Para ser sincero, é algo sobre o qual nunca me debrucei verdadeiramente… pelo menos em simultâneo.
Do que conheço de mim mesmo – não excluindo por completo a possibilidade de não me conhecer totalmente - e, por uma série de ponderosas e relevantes razões, é “ cenário” que não faz parte do meu “imaginário feticheiro”, fazendo com que pertença à tão incomodativa minoria.
Passo a explicar:
Se uma mulher já dá uma trabalheira descomunal, imaginem o que seria aturar na cama, duas nobres peças de tão digna colecção. Se alguma mulher estiver a ler este texto, sabe que tenho razão pois se não se quiser enganar a si mesma e, desta forma, ser considerada, por maioria de razão, intelectualmente desonesta, terá que concordar com esta apreciação. Se fosse com as duas em simultaneo, estaria a candidatar-me “ implicitamente” para algum galardão internacional que premiasse o sofrimento do homem moderno.
Outro fundamento que me leva a colocar de parte tal “paisagem”, seria o facto de ter enorme dificuldade em decorar nomes. Não seria muito excitante chamar Tatiana à Karina e vice-versa… pelo menos para elas, suponho.
Mas, o que mais me leva a recear tal “panorama” é o facto de acreditar piamente que o acto em si não iria correr bem, pese embora a minha boa vontade e extrema dedicação a causas afidalgadas.
Apesar de ambas idolatrarem “menage à trois”, imaginem que a Tatiana gosta de ser insultada e chicoteada e a Karina é uma pessoa que não suporta palavrões nem “dureza” no acto. O que seria de mim se, eventualmente, durante o acto, em vez de chamar “puta” à Tatiana, dirigia semelhante epíteto à pobre da Karina?
E se eu acertar, obviamente por engano, com um chicote à Karina? Quem assume os danos provocados por tamanha falta de pontaria?
E se dedicar mais 2 minutos à Tatiana do que à Karina? São mulheres, não? Vocês sabem como são as mulheres, certo?
Assim, minhas caras amigas, se equacionarem a minha presença num evento desta natureza, já sabem que, em principio, não poderão contar com a minha presença.
Em todo o caso e, caso haja da vossa parte uma desmedida insistência, poderei deitar-me no vosso leito, desde que seja com uma de cada vez.
Sabem… não gosto de ser indelicado e rejeitar convites de tão nobres personalidades.
Nunca pensei sofrer tanto por um “momento” ao lado de alguém que, rápida e desconcertantemente, deixa todo o meu ser racional em crise.
O “momento”…esse, era “especial” para mim. Não por algum motivo em particular mas apenas… porque sim. Meditei acerca da capacidade de algumas pessoas transformarem uma pintura borratada numa límpida e sensual aguarela.
Estacionei o automóvel e falei comigo mesmo: “ Mas porquê que estás assim? Nervoso, ansioso, inquieto…? Trata-se apenas de um “momento. Nada mais… vá lá… adopta um comportamento de acordo com os teus padrões e sê um homenzinho, sim?”
Não resultou.
A conversa interior que mantive com o meu coração não passou de uma perda de tempo. Aquela dorzinha de estômago sentida dezenas de vezes quando ia fazer provas orais, regressava
Já bem acomodados, enquanto mantínhamos uma agradável conversa acerca das nossas vidas, não consegui deixar de pensar, por alguns instantes, no “momento”. Como é que algo tão banal (no bom sentido), pode ser tão especial?
Parecia que estava a assistir a um filme, entrando totalmente na sua estória. Tudo à minha volta deixou de fazer sentido. Estava concentrado apenas nos seus olhares, nos seus pequenos gestos, nos seus pequenos detalhes, na sua beleza, na sua delicadeza, na sua sensibilidade, na sua feminilidade, ……
Ao fim de algumas horas e após uma longa conversa onde pude explanar o que me invade a alma, o “momento”… acabou.
Entrei no meu carro e sorri para mim mesmo. Apesar do cansaço provocado pelo excesso de trabalho que me tem consumido nestes últimos tempos e, em bom rigor, por algumas noites mal dormidas, nada, mas mesmo nada, foi capaz de desviar o sentido do meu pensamento para lugares comuns.
Aquela pessoa significará algo para mim? Talvez. O quê? Não sei… não sei mesmo!
Mas tudo o que senti e sinto me deixa feliz.
Por diversas razões aparentemente normais…ou não, tenho o meu pensamento ocupado. Poderia estar ocupado com coisas vulgares, até mesmo banais. Mas não. Sinto-me a viajar no tempo. Tento perceber onde errei. Busco respostas para as minhas perguntas, para os meus anseios. Não encontro. Sinto que perdi tempo…tempo demais.
Será que poderei editar a minha vida? Poderei apagar alguns momentos? Não creio.
Terei condições para encontrar o meu espaço, o meu momento, a minha “pessoa”?
Por vezes, penso que procuro algo inalcançável. Algo que nunca poderei tocar ou sentir. Serei exigente em demasia comigo próprio? Com os outros? Comigo sim. Com os outros, nem tanto. Deixo tal desígnio para cada individualidade.
A felicidade é difícil de se atingir. Eu sei. Mas se conseguir fazer alguém feliz…verdadeiramente feliz, terei dado um passo de gigante em busca de tal desiderato.
Desejo a “perfeição”…a minha “perfeição”. Mas serei capaz de estar à sua celsitude? Serei capaz de corresponder realmente aos seus desejos? Não sou correspondido mas o simples olhar (que de simples nada tem) bastará para alimentar um sonho. Será realmente um sonho ou poder-se-á tornar realidade? Será só um sonho…
Por vezes não me sinto capaz. Mas, simultaneamente, encaro o presente e o futuro com optimismo. Terá que ser inevitavelmente assim, certo?
E porque razão sentirei medo? Por razão nenhuma. As pessoas entram nas nossas vidas por acaso. Mas não é por acaso que permanecem. Não quero ser imprudente. O tempo dirá se tive razão em não ousar. Mas o tempo… já perdi demais.
Tenho que acordar… viver intensamente cada minuto da minha vida, sentir as emoções como se fossem as últimas, não recear as vozes do meu coração, seguir
Sei o que quero e também o que não quero. Penso que é o mais importante.
Não quero voltar a errar…